Comunidade Mãe dos Homens
Antigamente denominada de Roça da Estância, a atual comunidade de Mãe dos Homens, é uma vila localizada muito próximo ao pé da serra. Segundo narrativas da comunidade, no tempo dos escravos, os senhores os mandavam para essa localidade a fim de roçar e plantar, complementando a produção das estâncias, funcionando como uma grande área de roças que subsidiavam as estâncias serranas, por isso a denominação antiga do vilarejo. A “roça” da “estância”, que propriamente não ficava localizada nas estâncias serranas, mas sim, no fundo dos vales da Serra Geral. Nessa área, escravos e trabalhadores livres permaneciam uma parte do ano, cuidando da lavoura. Após a colheita, a produção era levada, seja a pé, seja em mulas, para cima da serra.
Uma das passagens – caminhos – mais antigos que se conhece entre a serra e o litoral, a Serra do Cavalinho, fica nessa comunidade. Foi rota de passagem dos tropeiros e trabalhadores das roças e já era conhecida em meados do século XIX. Para se ter uma ideia, em um episódio da Guerra dos Farrapos (1840 – 1845), verificou-se justamente que essa rota ao qual transpunha a Serra Geral nos Aparados da Serra era conhecida pelo menos 170 anos atrás. No episódio narrado, a “subida” foi utilizada pelas tropas de Bento Gonçalves, uma vez que, “quando as tropas reais tomaram a picada do Faxinal e da beira do Rio Mampituba, passaram o rio Verde e subiram a serra na Picada do Cavalinho” (RUSCHEL, 2004).
O primeiro casal que veio a fixar-se nessa região foi a do Sr. Antônio Procópio Pacheco e Paula Antunes de Oliveira por volta do ano de 1840 e tiveram 12 filhos. Nesse tempo a Serra do Cavalinho era uma grande referência por onde transitava a vida econômica da região. Era comum esses primeiros moradores descerem essa serra com tropas de porcos (suínos) adquiridos no alto da serra. Após a engorda eram vendidos ao redor em localidades próximas ou passavam a subir a serra novamente. Para esses antigos colonos, além do cultivo dos alimentos de substância, sua economia girava entorno da engorda dos porcos e do plantio da cana para o açúcar.
Por esses tempos, era comum, a dieta alimentar girar em torno da criação dos porcos. Fazia-se “tudo em casa”, criava-se o porco, depois matavam, faziam as linguiças, a “morcilha” que aproveitava o sangue e os intestinos que era chamado de “fressura”, afinal, era tudo o que tinha de miúdos no animal, o torresmo frito e o prensado, o sabão com as graxas, além da banha que era essencial para o cozimento. Muitos dos porcos vendidos eram para a produção da banha.
Décadas mais tarde, foram desenvolvidos as primeiras roças de bananais que trouxeram mais famílias para esse região, muitas delas do “outro lado” do rio Mampituba, o lado gaúcho, começando a configurar a localidade como vila. Mas foi só no final da década de 1940 que foi construído o primeiro salão para festas com esteios altos do chão proporcionando um piso alto de madeira (assoalho), como lembra alguns moradores a partir de histórias contadas por seus país e avôs.