Grota e Perau
Existe um aspecto cultural um tanto quanto curioso sobre os termos de como os nativos chamavam os cânions. Ou seja, como essa formação geológica era chamada pelas pessoas antes da palavra inglesa “canyon” ser implementada na linguagem?
Na região dos Aparados da Serra a denominação do cânion nos últimos anos tomou um vulto muito grande devido a especulação turística através das publicidades em torno das principais trilhas e dos parques nacionais. No entanto, esses imensos e abruptos vales com paredes verticais que ultrapassam os 500 metros receberam outros nomes no passado. Uma curiosidade, é saber como as pessoas moradoras próximas aos cânions, denominavam essa conformação geográfica natural?
Para os moradores serranos, os imensos vales, eram chamados de Perau. Já para os moradores de pé de serra da parte baixa, eram chamados de Grotas. É bem comum ouvir essa diferença quando se está em Praia Grande – grota – ou em Cambará do Sul – perau. Observa-se, que a forma como os cânions eram ou ainda são chamados pelos habitantes locais, condiz com os aspectos culturais e principalmente como as pessoas interpretam a paisagem. Deste modo, a denominação tem a ver com uma questão de ótica, os que olham a paisagem de cima para baixo – da borda para o interior do cânion – chamam de perau, os que olham de baixo para cima – de dentro do cânion para o alto – chamam de grota.
Para o morador serrano, as bordas dos cânions, apresentam naturalmente uma paisagem de Perau (declive que dá para um rio ou arroio, lugar íngreme, escarpado; precipício). Uma vez que para os moradores de pé de serra, esses peraus parecem mais montanhas, grotas (cavidade, na encosta de serra, provocada por águas das chuvas, ou depressão úmida nas encostas) que são recortados pelos inúmeros rios que despencam da serra.
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura.
Obras Consultadas: Cânions e História: Comunidade tradicional, cultura popular e ecologia nos Aparados da Serra – Frank Cardoso Lummertz
Fotos: Frank Cardoso Lummertz; Arquivo Municipal.