Contos Praia-Grandenses

Não muito tempo atrás algumas pessoas tinham como hábito narrar fatos e causos por meio de contos redigidos a mão. Claro que ainda assim acontece, porém, vivemos na era digital e isso vem cada dia mais ficando para história. O mais interessante da leitura de tais contos é o fato da linguagem verbal trazer a sonoridade linguística da época e apesar das diferenças ortográficas atualizadas, conseguimos viajar no tempo e até mesmo ouvir a história por meio do imaginário.

Por hora, compartilhamos aqui o recorte de um conto pra lá de especial, redigido a mão por uma praiagrandense, por volta de 1958/1960:

“Praia Grande
Essa estória e real aconteceu em
Praia Grande Santa Catarina
 
Aconteceu a vinte quatro anos
um rapaz chamado Euclides
acompanhado de um sirco que esteve
Orleais Santa Catarina e veio ate
Praia Grande, o meu pai como, era
muito bom sempre dava comida
e sigarros, a ele, pois no sirco ele
era muito maltradado, ás vezes nós
estava trabalhando ele chegava e
pedia para o meu pai, e dizia seu
Pedro eu agudo para o senhor me
da um prato de comida, então o
meu, pai dava comida e sigarros e
ele ficava muito contente.
té que um dia o circo ia embora
então Euclides chegou e disse seu
Pedro queria tanto ficar com voceis
eu fico até pela comida pois eu
non tenho dinheiro para mim
 
voltar para casa então meu pai
ficou com muita dó e disse podes
ficar. Meu pai foi na lojia e
comprou ropas e sapato para ele
pois aquela que ele tinha minha
mãe eria pôr fora pois não dava
nem para fazer pano de casa a gente
non dava corragen de ver
(…) Foi passando
anos com nós ele era muito inteli-
gente o povo já estimava muito
Etão um dia meu pai chamou
e disse Euclides a gora eu vou te
arrumar um serviço para voce
ganhar a vida, pois o que eu
pude fazer por ti já fiz. Então
meu pai arrumou num armazem
para ele trabalhar, e depois
ele trabalhou na Fabrica de 
fogão. […]”
 
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura.
Fotos: Acervo particular da autora M. B. B.